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terça-feira, 11 de novembro de 2008

11/11 - Indústria do vestuário revigora economia em MS

Com crescimento anual médio estimado em pelo menos 18% no número de empresas, a indústria do vestuário de Mato Grosso do Sul emprega quase 12% da mão-de-obra industrial do Estado, o que significa quase 10 mil trabalhadores. O setor tem papel relevante na economia, na medida em que é considerado um dos que mais abre as portas para jovens que buscam o primeiro emprego e também para mulheres que estão à frente de suas famílias.
Atualmente, conforme informações do presidente do Sindivest/MS (Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul), José Francisco Veloso Ribeiro, as mulheres representam 90% da força de trabalho, sendo que deste universo 30% são responsáveis pela manutenção da casa. "O Estado está aos poucos adquirindo uma cultura industrial e com isso percebemos o ingresso de homens no setor. Eles ainda são poucos, mas esse é um processo gradativo", diz.
José Francisco Veloso acredita que a tendência é de expansão do setor e, conseqüentemente, de maior geração de empregos. Um ponto ressaltado por ele é que Mato Grosso do Sul abriga grandes empresas, que utilizam um sistema de venda voltado a atender grandes lojas de departamento. Por outro lado, o número de micro e pequenas indústrias é alto. Hoje, quase 98% das 450 empresas instaladas em Mato Grosso do Sul é desse porte. Para José Francisco Veloso, isso demonstra o quanto o Estado é capaz de absorver os empreendimentos e, principalmente, de que há demanda para aquisição dos produtos e ao mesmo tempo, grandes indústrias abastecem também outros Estados e buscam a exportação.
As indústrias exportadoras buscam países como Estados Unidos, Argentina e Paraguai. Empresas como a Tip Top, com fábricas em Sidrolândia e Campo Grande, também enviam peças para Espanha, Portugal, África do Sul, Argentina e Chile. Dados do Radar Industrial, produzido pela Diretoria de Gestão Estratégica da Fiems, com base no levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, apontam que em 2007 as vendas externas de produtos provenientes do setor têxtil e de vestuário em Mato Grosso do Sul totalizaram US$ 2,3 milhões, o que significa aumento de 22 vezes em seis anos. A taxa média de crescimento das exportações foi igual a 68%.

Atrativos - O setor do vestuário ganhou força em Mato Grosso do Sul pela proximidade com o Estado de São Paulo e por conta dos incentivos fiscais oferecidos pelo Governo. José Francisco Veloso destaca que os incentivos do Governo são essenciais para o planejamento do setor, não só para as indústrias já implantadas, que terão condições de manter a competitividade, mas também para aquelas que pretendem se instalar em Mato Grosso do Sul.

Ele ressalta que, em conseqüência dos incentivos fiscais foi possível um investimento, nos últimos 8 anos, de mais de R$ 560 milhões, trazendo grande benefício sócio-econômico ao injetar na economia estadual mais de R$ 6 milhões em salários pagos/mês. "A manutenção dos incentivos nos torna mais competitivos nesse mercado que hoje concorre com vários países. Além disso, outros Estados estão ampliando e divulgando novos incentivos para o setor que é um grande gerador de emprego".
Para Antônio Breschigliari Filho, proprietário da G&L Indústria e Comércio Ltda., a manutenção das empresas está atrelada aos incentivos oferecidos e também à qualidade da produção. "Estamos em rota de crescimento, bem posicionados e oferecendo produtos de qualidade aos nossos clientes", disse.
Ele também destacou que a indústria do vestuário vive um momento oportuno para expansão, já que agora tem a produção privilegiada por conta da alta do dólar. "Nesse momento não é bom negócio importar produtos, por isso temos de aproveitar para conquistar mais fatias do mercado", orientou. Os mesmos motivos justificados pelo empresário local atraem as grandes indústrias para Mato Grosso do Sul. A Tip Top, por exemplo, enxergou nos benefícios fiscais uma oportunidade de crescimento da empresa e também do Estado. As duas fábricas juntas empregam em média 660 pessoas. "A empresa gera várias oportunidades como o primeiro emprego, formação profissional especializada, e qualificação da mão-de-obra", destacou o diretor de Divisão da Tip Top, David Bobrow.

Qualificação - Levantamento do Radar Industrial, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), aponta que o setor têxtil e de vestuário encontra-se entre os primeiros no que se refere às horas de treinamento e qualificação, realizadas no local de trabalho, com média de 82% de sua mão-de-obra qualificada pelo próprio estabelecimento.
Esse é o caso da Universo Íntimo, instalada em Campo Grande em 2004. Segundo o sócio-diretor Gabriel Margulies, a falta de mão-de-obra qualificada é um problema que, com o tempo está sendo contornado. "Nós temos hoje cerca de 850 funcionários, mas, para encontrarmos o pessoal certo, partimos para a parceria com o Senai/MS. Campo Grande ainda não tem uma cultura industrial e isso faz com que as pessoas não busquem esse tipo de qualificação. Mas a tendência é de que, aos poucos, esse cenário mude para melhor", disse.
Os treinamentos previstos nas parcerias firmadas com as empresas são executados pelos CTVs (Centros Tecnológicos do Vestuário) localizados em Dourados, Três Lagoas e Campo Grande. Segundo a gerente da Escola do Senai de Campo Grande, Cristiane Gomes Nunes, só na Capital foram treinados 3.210 trabalhadores entre os anos de 2003 e 2008. "Os CTVs atuam em rede no Estado, interagindo conhecimentos técnicos e serviços para complementar as demandas das indústrias nas regiões de atuação das unidades", ressaltou, completando que em Três Lagoas foram 936 trabalhadores e em Dourados outros 176.
Nesse sentido, a Escola do Senai de Campo Grande deu início ao curso de Encarregado de Produção para Indústrias de Confecção, que faz parte de convênio firmado com o Sindivest/MS para a realização de treinamentos que atendam a demanda de qualificação profissional das indústrias de confecção da Capital.
Incentivos fiscais garantem avanços para o estado - Uma das principais reivindicações do setor - a manutenção dos incentivos fiscais até 2018 – está em estudo por parte da equipe econômica do Governo do Estado, segundo informação do próprio governador André Puccinelli, que sabe da importância da continuidade da atual política fiscal. "Reconheço a importância do setor do vestuário e têxtil na economia de Mato Grosso do Sul e acredito que será possível atender a esse pedido", declarou.
A posição do governador foi reforçada pelo superintendente estadual de Indústria e Comércio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção e Turismo (Seprotur), Jonathas Soares de Camargo, explicando que a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) já estuda a manutenção dos benefícios até 2018 em razão da importância do setor para a economia do Estado.
"A Sefaz está analisando todas as possibilidades da continuidade dos benefícios e as condições em que isso poderia ser feito," prevê Camargo, destacando que as empresas do segmento também contam com os incentivos da Lei Complementar nº 93, ampliação do Programa MS Empreendedor.


Produção para o mercado local - Se de um lado algumas indústrias se fortalecem e atendem o mercado externo e grandes lojas de departamento, de outro, as empresas apostam no mercado local. Esse é o caso da indústria Ponto G Moda Íntima, que nasceu em Caarapó, em 97, e está em Dourados desde 2004. "Hoje podemos dizer que somos líderes no mercado local de lingerie", destaca a proprietária Jandira Gorete dos Santos Vieira. A produção da fábrica, que começou com 12 funcionários e hoje tem mais de 100, chega a 60 mil unidades por mês.
Segundo ela, que também está à frente do Sinvesul (Sindicato da Indústria de Confecção da Região Sul de Mato Grosso do Sul), só em Dourados existem 40 indústrias formalizadas, sendo a maior parte voltada à produção de lingerie. "Essas empresas juntas chegam a produzir uma média de 500 mil peças todos os meses, um resultado de que estamos sim no caminho certo para o desenvolvimento da região", avalia.
Dourados integra o pólo de costura da região sudeste de Mato Grosso do Sul, que abriga também indústrias dos municípios de Nova Andradina, Batayporã, Eldorado, Glória de Dourados, Itaquiraí, Ivinhema, Jateí, Naviraí e Novo Horizonte do Sul. As metas das empresas são de elevar o volume de vendas em 20% até dezembro de 2010 e reduzir os custos de produção por peça em 5% até dezembro do ano que vem.
Gorete destaca que a força do setor do vestuário na região, pôde ser conferida na 2ª Expoem, realizada este ano em Dourados, e que comercializou 150% a mais que no ano passado. "Foram mais de R$ 500 mil em vendas só nos estandes, enquanto que em 2007 comercializamos R$ 200 mil", lembra.
Também de forma organizada e de olho na fatia do mercado nacional, a Bumerang é outro exemplo de que priorizar o mercado interno também é um bom negócio. Em Mato Grosso do Sul há 11 anos, a empresa investe na rede própria com 12 lojas e outras 78 franquias espalhadas por São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Conforme informações do proprietário, Ércio Mendes Garcia, a produção da indústria tem o foco no jeans e atinge a marca de quase 1.800 peças por dia, sem contar a de camisetas e blusas que somam em média 800 peças. "O crescimento do setor é animador. Tanto que adquirimos 35 novas máquinas e oferecemos o treinamento para os nossos funcionários da indústria, localizada em Campo Grande", disse. Hoje são pelo menos 120 trabalhadores.


Fonte: ABIT

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