Páginas

Mostrando postagens com marcador eficiência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eficiência. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 28 de maio de 2012

28/05 - Crise evidencia problemas domésticos da economia brasileira

Funcionário de companhia metalúrgica de São Paulo (Reuters/Arquivo)

Setor produtivo ainda tem infraestrutura precária

A deterioração econômica nos países desenvolvidos e a desaceleração da China revelam com maior nitidez fragilidades antigas da economia brasileira, como a falta de investimentos em infraestrutura e baixa competitividade industrial.

Aliados, esses fatores atravancam uma retomada mais robusta do crescimento, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

De acordo com a pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central, os agentes do mercado financeiro revisaram para baixo as previsões de crescimento do PIB em 2012, de 3,09% para 2,99%.

Para os economistas, o Brasil não está imune ao revés causado pela piora da crise financeira internacional. O seu impacto nas contas do país, no entanto, deve ter efeito apenas "comedido".

Para os especialistas, a baixa produtividade e competitividade aliadas a deficiências de infraestrutura constituem alguns dos principais empecilhos para um crescimento mais robusto.

"É nesse momento que nossos pontos fracos, como uma taxa de investimentos em relação ao PIB ainda baixa, que não foram totalmente mitigados, acabam atravacando nosso crescimento", disse à BBC Brasil Francisco Lopreato, professor de economia da Unicamp, em São Paulo.

"A lógica é simples. Sem estradas de boa qualidade e uma baixa produtividade do trabalhador, o preço dos produtos brasileiros tende a ficar mais caro, perdendo espaço para os importados internamente e sofrendo concorrência acirrada no exterior, o que acaba por afetar nosso crescimento", afirmou Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

"A crise internacional tem sua parcela de culpa, mas se tornou um álibi do governo para explicar a letargia da economia”, disse.

 

Reformas

Para os economistas, o Brasil "desperdiçou a oportunidade" de realizar reformas essenciais em meio à bonança econômica durante o último governo. Na ocasião, a economia cresceu a patamares elevados, desafogando, por exemplo, o setor produtivo, que ainda sofre com uma infraestrutura precária.

"Com gargalos logísticos ainda não solucionados, além de problemas crônicos estruturais, como uma elevada carga tributária e uma poupança baixa, o Brasil dificilmente conseguirá manter um crescimento sustentável de sua economia", disse Campos Neto.

Na opinião dos analistas, o país precisa de reformas para aumentar o nível de produtividade e reduzir custos operacionais e no momento atual, de crise nos países desenvolvidos, deverá fazer isso com um fluxo de capital externo agora menor, o que torna o processo mais difícil.

O cenário estaria levando investidores a "pisar no freio" com relação aos aportes no país.

Por isso, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o Brasil encontra-se num patamar diferente do que há quatro anos, quando atravessou, sem grandes sobressaltos, o início da crise financeira internacional.

Com as exportações brasileiras afetadas pela queda no preço internacional das commodities e o consumo interno com menor espaço para crescer devido a níveis mais altos de endividamento das famílias e inadimplência, o país teria agora sua "capacidade de manobra" reduzida para ensaiar uma retomada da economia.

Analistas também destacam a pauta limitada de exportações brasileiras, compostas sobretudo por commodities de baixo valor agregado, como soja e carne.

 

Grécia e China

Além das incertezas trazidas pela crise europeia, sobretudo com o risco de saída da Grécia da zona do euro, outro fator de grande preocupação para o Brasil é a desaceleração da China.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil e o principal comprador de commodities brasileiras. A alta nos precos e a voracidade chinesa explica, em grande parte, o crescimento registrado na economia nacional nos últimos anos.

Para contornar a baixa no comércio internacional e a queda nas exportações, o governo tem adotado várias medidas para estimular o consumo e impulsionar o crescimento.

Na última semana, foi anunciada uma redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, em até sete pontos percentuais, dependendo do tipo e da cilindrada do veículo.

O governo também reduziu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o crédito ao consumo e liberou compulsórios dos bancos com vistas a estender e baratear as linhas de financiamento.

Fonte: http://www.bbc.co.uk

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

05/09 - Fluxo Continuo de Produção na Industria de Vestuário

Olá, pessoal.
Recentemente fiz a leitura de um artigo que trata do Fluxo Continuo de Produção para as empresas de Confecção e Vestuário e que considerei muito simples e interessante.
O artigo é de Vanderlei C. Dorigon e abaixo estou transcrevendo informações do artigo.
Em diversas empresas de confecção, sejam elas fabricantes de camisas, calças, modinha, linha íntima, moda praia, produtos em jeans ou cama, mesa e banho, o indicador de aproveitamento de mão-de-obra não ultrapassa os 50%. Significando que metade do tempo disponível no dia as pessoas encontram-se em outras atividades que não a produção dos produtos.
Lembrando que a fórmula para cálculo da eficiência é:
% Eficiência = Total Minutos Produzidos/Total Minutos disponíveis no dia ou turno X 100, ou seja, se a pessoa tem 480 minutos disponíveis no dia (8 horas de trabalho), deve produzir esta quantidade em minutos também (que é calculado com base no tempo padrão de cada operação).
Como exemplo:
Uma operadora que faz uma operação pregar uma gola ou colarinho que tenha um tempo padrão de 1,00 minuto.
Se esta operadora fizer 300 peças desta operação num turno ou dia terá 300 minutos produzidos (300 peças X 1,00). Portanto a eficiência desta operadora é traduzida na fórmula:

.........................300 mins
% Eficiência = -------------- X 100 = 62,5
.........................480 mins

Ou seja, a operadora está produzindo apenas com 62,5% do que deveria e durante 180 minutos ela está em outra atividade que não a produção.

Isso nos remete a uma reflexão sobre a importância da produtividade para a melhoria da competitividade da indústria do vestuário no Brasil, pois veja: para uma costureira que disponibiliza 8 horas por dia numa fábrica, somente 5 dessas horas seriam efetivamente aproveitadas para geração de produto, e o restante das horas ficaria perdido.
Entre as perdas de tempo mencionadas, temos alguns exemplos:
1) Troca de linha.
2) Troca de aparelhos.
3) Retrabalho em peças.
4) Manutenção corretiva de máquinas.
5) Movimentação interna de produtos, materiais, pessoas.
6) Tempos de espera por ausência de abastecimento ou procura de ferramentas ou até peças.
7) Ritmo descontinuado.
8) Diferença de ritmo entre as operadoras.
Qual dessas perdas você considera a mais colaboradora para a queda da produtividade na sua empresa? Pois veja que se abordarmos uma costureira com a história de que ela produz 5 horas e perde outras 3 horas por dia, ela provavelmente dirá o que já ouvi em muitas empresas: “Quer dizer que quase a metade do tempo eu não trabalho?”. Pois é, ela tem razão, ela está envolvida todo o dia com o trabalho. Mas estar envolvido não é necessariamente sinônimo de produtividade, o que ocorre é que efetivamente não conseguimos criar um sistema capaz de transformar mais horas disponíveis em tempo produzido.
O Fluxo Contínuo de produção se encarrega de montar um sistema capaz de melhorar significativamente a performance da fábrica, pois tem como foco principal o estabelecimento de padrão de ritmo de produção. Ou seja, se você tem 30 costureiras em sua produção, terá efetivamente até 30 ritmos diferentes, e ao contrário do que muitos pensam, essa é, com o ritmo descontinuado, a principal razão de perda de produtividade na indústria de confecção. Outras perdas são também importantes, no entanto podemos garantir que uma perda de 3 horas diárias não é perda pontual, mas, sim, sistêmica, que está diretamente ligada a todo o contexto produtivo, e isso requer mudança desse sistema. Veja outro fator interessante: o custo minuto/homem de uma fábrica com 50% de produtividade está em torno de R$ 0,30, e, com 70% de produtividade, R$ 0,20 aproximadamente; isso quer dizer que uma peça básica de 20 minutos de tempo padrão terá um custo de mão-de-obra seguinte:
50% - 20’ x 0,30 = 6,00
70% - 20’ x 0,20 = 4,00
Quer dizer, com o incremento de produtividade teremos um ganho de R$ 2,00 por peça produzida, com o mesmo custo fixo de produção.O Fluxo Contínuo de Produção trabalha com o objetivo de gerar interdependência entre operadores e, com isso, fortalecera necessidade de manutenção de ritmo e a sua padronização entre a equipe de trabalho. A interdependência égerada pela distribuição equilibrada da carga de trabalho internamente entre operadores de um grupo de trabalho ou célula, e também a interdependência externa entre os vários grupos de trabalho. Isso gera comprometimento conjunto para atingir as metas estabelecidas e oferece também a oportunidade de diversos operadores compararem e melhorarem suas habilidades pontuais em determinadas operações, além de motivar a polivalência destes.O FCP estabelece a condição inédita de termos num mesmo layout produtivo a composição decélulas de manufaturas e de linhas de produção.
O estabelecimento da interdependência entre operadores e células cria a condição da necessidade de abastecimento “Just-in-time”, ou seja, são indispensáveis o abastecimento no tempo certo de uma unidade produtiva para meu cliente e o recebimento de uma unidade produtiva do processo anterior. Isso gera a melhoria e a manutenção do ritmo de produção, reduzindo também o tempo de atravessamento do produto no processo. Para o funcionamento correto do sistema, precisa-se de um estabelecimento de planos de produção em períodos fechados, tendo assim condições de montar estratégias gerais de seqüência produtiva conforme o grau de dificuldade dos diversos modelos da coleção, evitando perda de ritmo em função da mudança radical do tipo de operação que está sendo executada por um operador. A seqüência produtiva prioriza a mínima variação de alteração da operação, por exemplo, uma costureira que executava a montagem das laterais da peça num determinado modelo de produto, provavelmente num outro modelo da mesma família fará o mesmo mecanismo.O monitoramento da produtividade também é fundamental para a manutenção do sistema e isso se dá pelo estabelecimento de unidades produtivas e padrão de fabricação, com os quais são definidas metas de tempo de conclusão destas.
O FCP pode ser implantado em pequenos lotes de produção do mesmo modelo de produto, independentemente de cor e tamanho. Ao contrário do que se pensa, ele não funciona apenas com altos volumes de produção do mesmo modelo, mas é claro que lotes menores sempre exigem da empresa maior necessidade de previsibilidade da situação de produção, ou seja, investir mais tempo para prever possíveis problemas como falta de aparelho, linha, habilidade, etc. Isso quer dizer que quanto menor o lote, maior a necessidade de estrutura de planejamento, pois as variáveis passíveis de problema aumentam significativamente. Do Fluxo Contínuo de Produção constam as seguintes premissas:
1) Medir a produtividade para conhecer as suas perdas.
2) Planejar a produção para montar a estratégia de produção.
3) Balancear a produção para equilibrar a carga de trabalho e gerar interdependência.
4) Projetar o layout para estabelecer a seqüência do FCP.
5) Monitoramento freqüente para garantir o alcance da meta e manter a equipe atenta.

Manter as várias células ou linhas de produção equilibradas no processo, identificando onde estão os “gargalos” do processo é um assunto tratado com muita ênfase num livro muito difundido no inicio da década de 90, “A Meta” de Eliyahu Goldratt. Vale a pena relembrar e ler outros mais recentes do autor.

Grande abraço a todos.

Sandro F. Voltolini